domingo, 29 de abril de 2012

Da minha outra janela

Não conseguindo ( nem fazendo muita questão ) de fugir ao cliché, a internet é de facto uma janela para o mundo; graças a ela tenho visto e lido imagens e textos absolutamente inspiradores; ou de pessoas anónimas e amadoras, que tal como eu, gostam de partilhar as pequenas grandes coisas do dia a dia através dos seus blogues e que me movem e comovem de uma certa maneira, e depois há os profissionais que utilizam esta meio para promover o seu trabalho.
Como é o caso da fotógrafa canadiana Irene Suchocki de quem sou uma grande admiradora .










sexta-feira, 27 de abril de 2012

Só neste país ...

Na viagem que fizemos recentemente à Guarda, decidimos ir pelas estradas nacionais, evitando a A1 e a A23 para não pagar portagens ...
Para lá conseguimos, demoramos mais uma ou duas horinhas mas como íamos sem pressa, valeu a pena; principalmente pelas paisagens que se vêem nesta altura do ano.
Do Alto Alentejo guardo a imagem dos prados salpicados de flores roxas, das cegonhas e das árvores com cachos brancos na barragem de Montargil; da Beira Baixa os tufos de alfazema que pintam os campos, as estevas com as suas flores de papel e as giestas; e da Guarda trago o perfume dos liláses que se encontram em todos os quintais e a imagem das macieiras em flor.
Como ia integrada na " caravana dos herdeiros " não deu para parar sempre que queria ( e foram tantas as vezes que quis parar ) para tirar algumas fotos :(
Na viagem de regresso tentámos vir novamente pelas estradas secundárias e constatámos com indignação que as direções que nos são dadas nos obrigam praticamente a seguir pela A23, sendo as indicações para outras estradas praticamente inexistentes; temos de vir com muita atenção e a maior parte das vezes seguir instintivamente a direcção oposta pois sabemos que se seguirmos a indicação disponível vamos parar à A23 ... enfim, só neste país, como diz a canção do Sérgio Godinho ...
Temos um país lindo com coisas fantásticas mas noutras isto parece uma máfia !






terça-feira, 24 de abril de 2012

Um ciclo que se fecha

Ao fim de quatro gerações fecha-se a porta da casa onde o meu sogro cresceu,era o mais novo de oito irmãos, hoje com 78 anos é o único ainda vivo.
 Escolhem-se objectos que fizeram parte daquela família e partilham-se; partilham-se sobretudo  histórias ... da garrafa que guardava as sangessugas para tirar os "maus humores "; do pote onde se guardava a banha e do outro onde se aquecia o leite; do frasco do doce e dos " barranhões " onde se temperavam as carnes para as chouriças; do banco onde a sua mãe os amamentava enquanto mexia o almoço na panela de ferro e do buraco que havia no chão da cozinha de onde se atiravam os restos para o porco  lá embaixo na loja ... cada peça, cada canto, cada foto e cada carta contam uma história que nos arranca um sorriso ou até uma gargalhada, mas depois faz-se silêncio e há tristezas húmidas nos nossos olhares, sente-se a presença quente dos que já partiram, quase como se pousassem as suas mãos sobre os nossos ombros e nos sussurrassem com um sorriso " Está tudo bem "...
Fecha-se a porta da casa onde outrora se ouviu o som do roçar dos tachos, dos passos e dos risos; do estalar da lenha e das conversas na lareira; dos ruídos dos animais que aqueciam a casa e dos que voltavam com os homens e mulheres que, já ao lusco fusco, regressavam a casa vindos da lavoura, fazendo ressoar na aldeia o som abafado de vozes, passos e chocalhos dos animais ... fecha-se a porta mas as histórias vêm connosco para as nossas casas ... mais um ciclo que se inicia ...

 
















"às vezes ,a cismar na pena de ter visto tanta coisa que passou e que nunca mais se voltará a repetir, a cismar na pena das pessoas que conheci, a recordar-me de como foram alegres, de como sofreram e de como desapareceram das suas vidas, das suas casas e, depois, da memória de todos aqueles que foram nascendo e vingando e que, hoje, passam pelas ruas da vila, sem conseguirem sequer imaginar que, antes, havia pessoas que tinham as mesmas arrelias, as mesmas ilusões, e que passavam por essas mesmas ruas . "

José Luís Peixoto - Cal

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sinais ...

Bem, de maneiras que parece que o Universo blogosférico se alinhou para me mandar uma mensagem clara :

MUST DO
Esta pink temptation é daqui http://chadebergamota.wordpress.com/


Este aqui a mostrar-nos a língua é daqui http://eraumavezaqui.blogspot.pt/


E este a rir-se descaradamente é daqui http://mood4food.blogspot.pt/

Com franqueza !!! Há gente muito provocadora ...

...

A provocação foi aceite ! Aguardem-me ...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

tão bom ...



The great escape - Patrick Watson

Bad day, looking for a way,
home, looking for the great escape.
Gets in his car and drives away,
far from all the things that we are.
Puts on a smile and breathes it in
and breathes it out, he says,
bye bye bye to all of the noise.
Oh, he says, bye bye bye to all of the noise.

Doo doo doo doo doo noo noo
Doo doo doo doo doo noo noo noo noo
Doo doo doo doo doo doo doo
Doo doo doo doo doo doo noo noo noo

Hey child, things are looking down.
That’s okay, you don’t need to win anyways.
Don’t be afraid, just eat up all the gray
and it will fade all away.
Don’t let yourself fall down.

Doo doo doo doo doo noo noo
Doo doo doo doo doo noo noo noo noo
Doo doo doo doo doo doo doo
Doo doo doo doo doo doo noo noo noo

Bad day, looking for the great escape.
He says, bad day, looking for the great escape.
On a bad day, looking for the great escape,
the great escape.

Funny things III

Acho piada a certas paragens de autocarro por onde passo, transformadas em centros de dia ou resguardo para o estendal, como estas aqui :)





terça-feira, 17 de abril de 2012

Pássaros

Já aqui comentei como gosto de pássaros, especialmente pássaros pequeninos, daqueles comuns, como pardais, pintassilgos e rouxinóis ( até os nomes são amorosos ).
Lá nos choupos da horta do colégio vê-se muitos, difícil é fotografá-los :p
Na sexta passada descobri um ninho de melros e tive a sorte de conseguir captá-los; fiquei um tempo a observar o que me parecia o pai ( pois era preto com o bico laranja ) a arranjar comida para o bébé e a  proteger a sua cria do vento e da chuva ... a natureza no seu melhor.



domingo, 15 de abril de 2012

Cá por casa

Brinca-se ao faz de conta



lancha-se enquanto se espia ... o gato da vizinha, claro :)



Corre-se para descolar as mãos de um bébé curioso de um tubo super cola 3 :p

...


Passam-se as ideias para o papel ...


E deixa-se para amanhã o que se pode fazer hoje ;)

sábado, 14 de abril de 2012

Nós somos


Como uma pequena lâmpada subsiste
e marcha no vento, nestes dias,
na vereda das noites, sob as pálpebras do tempo.
Caminhamos, um país sussurra,
dificilmente nas calçadas, nos quartos,
um país puro existe, homens escuros,
uma sede que arfa, uma cor que desponta no muro,
uma terra existe nesta terra,
nós somos, existimos
Como uma pequena gota às vezes no vazio,
como alguém só no mar, caminhando esquecidos,
na miséria dos dias, nos degraus desconjuntados,
subsiste uma palavra, uma sílaba de vento,
uma pálida lâmpada ao fundo do corredor,
uma frescura de nada, nos cabelos nos olhos,
uma voz num portal e a manhã é de sol,
nós somos, existimos.
Uma pequena ponte, uma lâmpada, um punho,
uma carta que segue, um bom dia que chega,
hoje, amanhã, ainda, a vida continua,
no silêncio, nas ruas, nos quartos, dia a dia,
nas mãos que se dão, nos punhos torturados,
nas frontes que persistem,
nós somos,
existimos.
António Ramos Rosa
in Sobre o Rosto da Terra
Antologia Poética
Dom Quixote, 2001


A bolha mágica

Muito antes de se falar nas chamadas hortas pedagógicas, já os meus sogros, enquanto professores, tinham uma horta no Colégio; chegaram a ter inclusive patos, coelhos , porquinhos e galinhas da índia.
Hoje, passados todos estes anos, a horta persiste ... e de facto é uma espécie de bolha mágica, que filtra os ruídos do recreio e da cidade e onde nos sentimos imediatamente apaziguados .
De vez em quando o meu sogro chama os meninos para semearem favas, feijões, ervilhas, nabos, salsa e coentros e é incrível que, a partir do momento em que as crianças plantam os seus próprios legumes, os vêem crescer, os colhem e os encontram no prato passam a gostar das favas e das ervilhas que antes eram os seus inimigos públicos nº 1






 O perfume da flor de laranjeira e de sabugueiro é maravilhoso nesta altura do ano.



Este ano, com a profusão de flores de maracujá que prometem muita fruta, iremos concerteza fazer muuuuitas tartes deliciosas no Verão!


hortas ... sem dúvida um tema de que voltarei a falar em breve :)


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Tesouros

Trabalho no Colégio, fundado à precisamente 40 anos pelos meus sogros, que eram os dois professores.
No sotão temos estas preciosidades :







Este último mapa tem  a data de 1947 :)


Et voilá a jóia da coroa: esta caixa métrica antiga de que quase todos nos devemos lembrar de ver nas nossas escolas primárias ... não sei é da chave :(


E este apagador  ... traz-me tantas recordações :)